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Entenda o crime organizado na Bahia, o estado do Brasil com o maior número de facções

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O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025, referente ao ano de 2024, revelou que a Bahia é o segundo estado mais violento do Brasil, com cerca de 40,6 Mortes Violentas Intencionais (MVI) a cada 100 mil habitantes, atrás somente do Amapá (45,1). Ao mesmo tempo, a Bahia é o estado brasileiro com o maior número de facções criminosas, com cerca de 20 grupos em atuação, como mostra o levantamento da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), do Ministério da Justiça.

Recentemente, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) classificou o crime organizado como o “maior inimigo” do estado, e disse que estuda ações de combate às facções criminosas em conjunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

O nosso maior inimigo é o crime organizado. A Bahia não produz armas. De onde vem essas armas? É um comércio. A Bahia não tem essa indústria de drogas. Vem de fora. Eu tenho mediado muito uma conversa com o presidente Lula, para a gente poder encerrar essas coisas nas fronteiras, porque é responsabilidade federal. A nossa parceria com a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal é muito grande e isso tem trazido pra nós um grande efeito.

Contudo, antes de combater esse grande “inimigo”, é necessário entender como ele surgiu e como ele age. 

Como surge uma facção criminosa?

Geralmente, as facções e organizações criminosas nascem a partir da comunhão de indivíduos encarcerados, que se unem dentro dos presídios para buscar proteção e revolta, como explica o sociólogo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Ignacio Cano, que não vê essa associação como um fator somente negativo. 

“Na minha avaliação, o fato de os presos se organizarem, terem líderes coletivos, etc. Não é negativo, acontece em todas as prisões do mundo. Inclusive é positivo para poder negociar com os presos em caso de tensão. O problema é essa vinculação com as redes criminosas de fora, e as organizações de presos dentro dos presídios”, afirma Cano.

Foi assim com o Comando Vermelho (CV) e o com o Primeiro Comando da Capital (PCC), as duas maiores facções criminosas presentes no território brasileiro. 

Comando Vermelho, se tornando uma célula da facção carioca na Bahia em troca de armas, estratégia de guerra e reforço. Diante disso, o BDM se aliou ao TCP, principal rival do CV no Rio de Janeiro. 

O diferencial do PCC

Ao contrário das outras facções, o Primeiro Comando da Capital, que hoje é a maior do país, direciona seu foco para o comércio internacional, sendo a segunda maior organização criminosa do mundo no tráfico de drogas transnacional. A Bahia tem sido usada estrategicamente pela organização para escoar narcóticos para 121 países, já que conta com o maior litoral do Brasil, com 1.100 km de extensão.

Para isso, o PCC se mantém presente, sobretudo, nas unidades prisionais de algumas das principais cidades do estado, como Salvador, Feira de Santana, Itabuna, Teixeira de Freitas e Eunápolis. Um agente do Departamento Especializado de Investigações Criminais (DEIC) explica que “as decisões importantes da facção, na maioria das vezes, sai de dentro dos presídios, onde estão algumas lideranças”.

Bruno Paes Manso, jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudo da Violência da USP (NEV-USP), também detalha a estratégia do grupo criminoso:

O PCC não controla territórios em nenhum lugar. Ele busca ter um controle e proteção dentro das prisões e se aliar a gangues locais. Ele sabe que o varejo e o controle territorial trazem um grande problema, você tem que corromper a polícia, você tem que entrar em conflito com os caras. Eles nunca tiveram a pretensão de exercer esse controle

Por: Varella Net

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